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PPGAO

Programa de Pós-graduação em Agricultura Orgânica

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Histórico do PPGAO

A identidade visual do PPGAO tem por base a logomarca1 criada para o II Encontro Brasileiro de Agricultura Alternativa (II EBAA), realizado no município de Petrópolis (RJ), no ano de 1984. ‘Agricultura alternativa’ era o termo usado à época para se referir às correntes de agricultura biológica, orgânica, ecológica, biodinâmica, dentre outras. Promovido pela Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado do Rio de Janeiro (AEARJ) em parceria com a UFRRJ e outras entidades, o II EBAA congregou professores e pesquisadores, expoentes da agricultura alternativa do Brasil e do exterior. As discussões elegeram pontos fundamentais para o avanço da agricultura alternativa e dentre esses, houve consenso sobre as lacunas de pesquisa a partir de evidências em sistemas de produção baseados em processos biológicos; e a necessidade de construção de mercados diferenciados para inserção de agricultores familiares e valorização dos produtos.

Nas palavras de Ana Primavesi, registradas por Virginia Mendonça Knabben na obra biográfica “Ana Maria Primavesi: Histórias de Vida e Agroecologia”(p.403) “Tinham convidado todos que deram algum apoio à agricultura orgânica e organizaram um encontro de arromba no antigo cassino de Petrópolis. Era de arromba mesmo, porque era uma bagunça incrível, que tomava conta de boa parte do cassino.”

De fato, o II EBAA notabilizou-se pela presença de pessoas muito importantes para o desenvolvimento da Agricultura Alternativa, destacando-se Claude Aubert, Johanna Döbereiner, Dejair L. de Almeida, Raul de Lucena Duarte Ribeiro, Ronaldo Salek, Ernest Goetsch, Francisco Graziano Neto, João Batista Dematté, Sebastião Pinheiro, Yoshio Tsuzuki, José Lutzemberger, dentre outros.

O Professor Antônio Carlos de Souza Abboud, um dos fundadores do PPGAO, participou da organização do II EBAA e assinou o capítulo sobre Adubação Verde (p.175).


Capa dos Anais do II Encontro Brasileiro de Agricultura Alternativa. Petrópolis – RJ, 1984. A Arte é de autoria do artista plástico Luiz Murce (in memoriam).

Também estiveram presentes no II EBAA, 24 Secretários de onze estados da Federação – Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, que foram signatários da Carta de Petrópolis. Nesse Protocolo de Intenções assinado em 4 de abril de 1984, os Secretários se comprometeram a desenvolver a Agricultura Alternativa em seus respectivos estados por meio de vários objetivos, destacando o apoio e o redirecionamento da pesquisa, a difusão e o uso de alternativas agropecuárias mais adequadas à realidade nacional, respeitadas as suas peculiaridades regionais.

No mesmo ano do encontro, foi fundada a Associação de Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro (ABIO), sendo o Professor da UFRRJ, Raul de Lucena Duarte Ribeiro (in memoriam) um dos sócios-fundadores e seu primeiro secretário. A ABIO tem como objetivo contribuir para a expansão do movimento orgânico, que na época de sua criação era incipiente no País. Hoje as ações da ABIO são voltadas a estimular a produção orgânica de base agroecológica, o desenvolvimento sustentável, em particular para o fortalecimento da agricultura familiar, da pequena produção e do extrativismo sustentável orgânico, com base nos princípios da agroecologia.

Outro evento importante que contribuiu para o ambiente organizacional e institucional para a agricultura de orgânica no estado do Rio de Janeiro, foi a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro no ano de 1992. A Conferência teve desdobramentos diplomáticos, políticos e na área ambiental, além de se propor como espaço a debates e diretrizes para o desenvolvimento sustentável.

Nesse contexto, foi fundada a Fazendinha Agroecológica Km 47 em 1993, que foi concebida como um espaço para o exercício da agricultura alternativa, sob uma forma inovadora de fazer pesquisa agronômica – com enfoque sistêmico e parceria interinstitucional. O pesquisador Dejair Lopes de Almeida (in memoriam) aprovou o primeiro projeto na área de agricultura orgânica na Embrapa que desde o início, contou a parceria do professor da UFRRJ, Raul de Lucena Duarte Ribeiro (in memoriam) e do pesquisador Silvio Romero de Carvalho (in memoriam) da Pesagro-Rio.

Coordenada por meio de um Comitê Gestor formado pela UFRRJ, Colégio Técnico da UFRRJ, Embrapa e Pesagro-Rio, a Fazendinha tem uma área de 70 hectares sob manejo orgânico, divididos em subsistemas de produção intensiva de hortaliças, mudas, pecuária leiteira, avicultura de postura, glebas de hortaliças-fruto, raízes e fruticultura, sistemas agroflorestais, fragmentos de mata e corredor ecológico. Os alimentos produzidos são escoados para os Restaurantes Universitários que atendem mais de 5.000 refeições, diariamente, nos campi Seropédica e Nova Iguaçu da UFRRJ. A Fazendinha recebe anualmente, mais de 1.500 pessoas, entre estudantes de cursos técnicos, graduação, pós-graduação, professores, extensionistas e agricultores.

Além das questões ecológicas, a Fazendinha foi planejada como um sistema capaz de atender a necessidades econômicas e sociais de agricultores orgânicos. Considerou-se como base social a agricultura familiar, predominante no estado do Rio de Janeiro, com diversificação produtiva em pequenas áreas2. Desde o início, foi imperativo desenvolver tecnologias apropriadas, selecionar materiais genéticos, estudar sistemas de produção, garantindo produtividade satisfatória, qualidade dos produtos, benefícios ecológicos e rendimentos econômicos capazes de promover a reprodução social das unidades. Com mais de 50 tecnologias desenvolvidas, a Fazendinha se tornou uma referência, reconhecida nacionalmente e internacionalmente. Centenas de cursos foram promovidos para transferência de tecnologia a agricultores e profissionais que cada vez mais buscavam embasamento teórico e prático para desenvolver agricultura em base agroecológica.

Ainda em 1993, havia na UFRRJ uma equipe multidisciplinar que tratava da inserção da Agroecologia na grade curricular da UFRRJ e e contava com alguns dos professores que faziam ou viriam a fazer parte da PPGAO, como os professores Raul De Lucena Duarte Ribeiro (in memoriam), e José Guilherme Marinho Guerra (Embrapa Agrobiologia). Essa equipe promoveu vários debates e produziu uma série de documentos que resultaram na abertura de uma vaga docente no Departamento de Fitotecnia para área de Agroecologia. A vaga foi ocupada em agosto de 1994 pelo então recém-doutor Antonio Carlos de Souza Abboud que apresentou na UFRRJ a proposta de criação do PPGAO elaborada em parceria com professores e pesquisadores da Embrapa Agrobiologia que ainda hoje atuam como docentes.

Em 2003, a agricultura orgânica foi institucionalizada no País, com a promulgação da Lei Nº 10.831 de 24 de dezembro, definindo-se conceitos, objetivos e mecanismos de garantia da qualidade orgânica. Reuniram-se sob um único termo – agricultura orgânica – todas as agriculturas alternativas, como uma estratégia voltada ao mercado. Instruções normativas foram elaboradas para os diferentes escopos de produção. A partir de 2002, com um ambiente institucional e organizacional de estímulo, políticas públicas foram desenhadas com a dupla finalidade de garantir o direito humano à segurança alimentar e nutricional e ao mesmo tempo, estimular a agricultura familiar em bases agroecológicas pela geração de renda e trabalho decente e a assistência técnica com a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural.

Em 2003, a agricultura orgânica foi institucionalizada no País, com a promulgação da Lei Nº 10.831 de 24 de dezembro, definindo-se conceitos, objetivos e mecanismos de garantia da qualidade orgânica. Reuniram-se sob um único termo – agricultura orgânica – todas as agriculturas alternativas, como uma estratégia voltada ao mercado. Instruções normativas foram elaboradas para os diferentes escopos de produção. A partir de 2002, com um ambiente institucional e organizacional de estímulo, políticas públicas foram desenhadas com a dupla finalidade de garantir o direito humano à segurança alimentar e nutricional e ao mesmo tempo, estimular a agricultura familiar em bases agroecológicas pela geração de renda e trabalho decente e a assistência técnica com a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural.

No Rio de Janeiro, a ABIO, estritamente ligada ao grupo de professores e pesquisadores atuantes na Fazendinha, passou a atuar exclusivamente como Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade (OPAC) em 2010, credenciada pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Essa entidade certifica agricultores, produtores e extrativistas por meio do sistema participativo de garantia (SPG) que incentiva a construção de conhecimentos, o associativismo e a responsabilidade compartilhada quanto à qualidade orgânica entre os seus membros.

A ABIO, congregando seus associados e a partir de várias parcerias – com a prefeitura do Rio de Janeiro, Pesagro-Rio, e outras entidades, integrou a criação do Circuito Carioca de Feiras Orgânicas, coordenando Feiras nos municípios do Rio de Janeiro e Niterói. A venda direta em feiras veio a sanar um ponto crítico para o crescimento da agricultura orgânica que não se viabilizara no atendimento às grandes redes de varejo. Aliando-se canais de venda direta, incremento de renda e demanda de consumidores, a agricultura orgânica continuou a crescer no estado do Rio de Janeiro e, consequentemente, a demanda por cursos para formação e qualificação de profissionais que buscavam entrar em contato pela primeira vez, com ensino formal na área de agricultura orgânica.

A Fazendinha contava com 16 anos quando a proposta do PPGAO foi elaborada e já era considerada uma sala de aula prática para as disciplinas de Cursos Técnicos do CTUR, da graduação e dos programas de pós-graduação  acadêmicos da UFRRJ – Ciências do Solo (CPGCS) – e Fitotecnica (PPGF) com expressiva produção científica. Assim, com maturidade, experiência e qualidade técnica-científica do corpo docente, o PPGAO foi concebido na modalidade profissional visando atender à crescente demanda de formação de profissionais para atuar em agricultura orgânica.

Depreende-se desse histórico, o princípio que congregou no PPGAO, a participação das três instituições. Desse modo, o corpo docente permanente é formado por 50% de professores da UFRRJ e 50% da Embrapa Agrobiologia e da Pesagro-Rio. Todos os docentes atuam em Agricultura Orgânica e têm formação e experiência em diferentes áreas e especialidades, tais como: Fitotecnia, Ciências do Solo, Microbiologia, Ecologia, Fitopatologia, Entomologia Agrícola, Tecnologia de Alimentos, Economia, Ciências Sociais Aplicadas.

Desde a sua criação, o PPGAO desenvolveu pesquisas de interesse para o desenvolvimento da agricultura orgânica com ênfase local e regional. Ainda hoje é forte a vocação e ações do PPGAO atreladas ao seu contexto do estado do Rio de Janeiro, mas também às demandas atuais de pesquisa e inovação para a agricultura orgânica e à transição agroecológica ao nível nacional.

O PPGAO está sediado no km 7 da BR 465, antiga estrada Rio- São Paulo, no município de Seropédica, RJ, tendo como vizinhos próximos o Centro Nacional de Pesquisa em Agrobiologia da Embrapa (Embrapa Agrobiologia) e o Centro Estadual de Pesquisa em Agricultura Orgânica da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (PESAGRO-RIO) e o Escritório Local de Seropédica da Empresa de Extensão Rural e Assistência Técnica do Estado do Rio de Janeiro (EMATER-RIO).

O município de Seropédica está localizado na Baixada Fluminense na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro é composta por 13 municípios possuindo 13% da população total do estado do Rio de Janeiro. A população estimada desse território em 2020 (IBGE, 2020) foi de 3.832.411 pessoas, com densidade demográfica média de 3.038 hab/ km2, PIB per capita médio de 25.838 e IDH médio de 0,7013.

Essa região teve a atividade agrícola como base de sustentação econômica e social até o final do século XIX entrando em decadência pós-escravidão. Ao longo do século XX, a Baixada transformou-se em uma periferia urbana, com cidades dormitórios, na qual áreas urbanas e rurais tem limites muito estreitos. A agricultura familiar resiste na prática agrícola, se reinventando em novas ruralidades, como a produção orgânica de alimentos vinculada aos sistemas participativos de garantia e à venda direta.

A atividade agrícola é praticada em condições de solo distróficos e clima pouco favoráveis, com ocorrência de inverno seco, temperaturas elevadas, chuvas intensas e veranicos no verão. Ressalta-se ainda que as demandas sociais na Baixada são amplas e complexas, exigindo um olhar investigativo por parte da universidade pública no sentido de enfatizar o comprometimento desta instituição com o processo de geração de conhecimento presente na dinâmica social, na qual a agricultura familiar em bases agroecológicas é um pilar importante a ser ressignificado e valorizado, para o qual o PPGAO tem contribuição fundamental.

O estado do Rio de Janeiro se notabiliza como o segundo maior mercado de hortaliças do Brasil, destacando-se também na produção de gêneros nesse segmento. Não obstante o excessivo uso de agrotóxicos, realidade a ser seriamente enfrentada, a agricultura fluminense vem convergindo cada para sistemas mais sustentáveis. Haja vista, o crescimento pujante do número de produtores orgânicos certificados no estado e a importância do Circuito Carioca de Feiras Orgânicas administrado pela ABIO, dentre outras entidades.

As experiências mais notáveis de agricultura orgânica do estado do Rio de Janeiro são fruto do trabalho de pessoas que participaram ativamente do movimento de agricultura alternativa do estado, contribuindo as instituições de pesquisa e ensino como resultado dessa conjunção, o município de Petrópolis, por meio da Lei Nº 8.118 de 25 de setembro de 2018, conquistou o título de “Capital Estadual dos Produtos Orgânicos”.

Assim, é deste contexto que vem boa parte dos discentes dos cursos da UFRRJ e do PPGAO e é para este cenário que são desenvolvidas parte das pesquisas vinculadas ao Programa. A integração do PPGAO com a sociedade e o mercado de trabalho converge nesses territórios e também tem sido proporcionada pela absorção de profissionais que atuam em agricultura orgânica em diversas organizações do Brasil e que apresentam problemas de pesquisa relacionados a diferentes realidades onde atuam. Conheça nossos Egressos.

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