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Do lugar onde estou já fui embora

 

Pollyana Faria Lopes*

 

No Jornalismo, a gente aprende a se ausentar do texto para escrever sobre a história de outros, a narrar os fatos com o maior nível de veracidade e objetividade possíveis. Não acreditamos na imparcialidade, mas construímos uma linguagem que ausenta o autor e exprime uma ideia de isenção. Isso é tudo que o leitor não irá encontrar neste texto que ouso chamar de reportagem.

O tema são os aprendizados e as redes de afeto e apoio na vivência nos alojamentos da Rural. Para isso, narro minha própria experiência, em um exercício de memória e escrita sem nenhuma pretensão de que seja exemplar ou até mesmo verdadeira. Minha experiência, única e contraditória, é apenas uma história. Minha narrativa, falha e imprecisa, tem apenas o singular, o vulnerável, incontáveis brechas e um sem número de não-ditos a oferecer.

Para não fugir tanto do caráter jornalístico, trago as experiências de algumas pessoas. Uma delas é Tayná Pádua, egressa da turma de 2012 do curso de Jornalismo da Rural, que também morou nos alojamentos. E como a experiência do alojamento ultrapassa, a todo momento, o curso de graduação, oferecendo convívio intenso com pessoas de outras áreas, outro entrevistado é Pablo Ferreira de Lima. Pablo cursou Belas Artes e é um amigo querido que morou no 132, quarto do alojamento masculino, que tanto contribuiu na minha formação humana.

 

A chegada

 

Menina do interior, vim estudar na Rural sozinha e sem a menor ideia de onde moraria. Minha única “preparação” eram os quatro dias antes das aulas começarem e algum dinheiro de fundo de garantia que recebi quando deixei o emprego em uma padaria. Em uma cidade estranha, centenas de quilômetros distante da família, eu sabia que, com as minhas condições financeiras, morar nos alojamentos era a única maneira de me manter no curso de Jornalismo. Mas o processo seletivo só começaria a acontecer um mês após do início das aulas.

Na hora de descer do ônibus, uma moça muito simpática chamada Suelen puxou assunto comigo. Era fim de tarde, devia ser umas 16h, e ela estava voltando do trabalho em um call center no centro do Rio. Ela disse que tinha passado naquele semestre para o curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas, mas que não cursaria, queria alguma engenharia, não me lembro qual. Estava ali porque frequentava as aulas do Pré-Vestibular Social da Rural, projeto de extensão da universidade que oferece aulas gratuitas para estudantes com baixa-renda no município. O projeto se mantém até hoje, tem outro nome, Pré-Enem, mas cumpre o mesmo papel social.

Suelen morava em Queimados, cidade geograficamente vizinha à Seropédica, mas de acesso extremamente difícil por transporte público, como é regra na periferia dos grandes centros urbanos. Por conta disso, ela havia sido abrigada por uma amiga e estava dormindo em um dos quartos do alojamento: era uma “acochambrada”, termo comum no cotidiano dos alojamentos da Rura, uma referência a dormir em um colchão, e não em uma cama. Na prática, significa viver no alojamento mesmo sem ter uma vaga oficial. 

A única maneira de, assim como a Suelen, ser abrigada em um dos quartos antes mesmo do processo seletivo é conhecendo algum morador. Eu não tinha a menor chance, mas tinha a Suelen ao meu lado, desenvolta e comunicativa. No percurso entre o pórtico da Rural e os alojamentos, Suelen me convidou a tomar um café no quarto dela e me convenceu que sua amiga Raquel, que tinha vaga oficialmente em um outro quarto, iria me abrigar, fazendo de mim uma acochambrada também. Fortuitamente encontramos Raquel no caminho, que disse que passaria no quarto da Suelen algum tempo depois, o que nunca aconteceu. Hoje percebo nitidamente que Raquel não estava interessada em me abrigar, com razão, inclusive, já que não me conhecia.

Viver no alojamento significa morar com pessoas que você não conhece, não tem nenhum tipo de intimidade, muito provavelmente não compartilha os mesmos códigos de higiene, organização e modo de vida. Para escapar minimamente do Setor de Residência Estudantil enviar uma pessoa completamente aleatória, os moradores dos quartos costumam operacionalizar um sistema informal de indicações. A pessoa já se muda para o quarto antes mesmo de ter a vaga oficial, vive como acochambrada e, quando consegue a vaga oficial, é alocada no quarto em questão.

A Raquel não apareceu, mas a Suelen era insistente e me levou até o quarto dela, que não conseguiu dizer não e permitiu que eu dormisse ali naquele dia. Foi assim que eu conheci o espaço em que moraria por sete anos, que foi lar mais que residência, onde conheceria pessoas com as mais diversas histórias, onde construí laços de afeto verdadeiros e profundos, onde fiz uma família para além da consanguinidade.

 

  • Festa junina no 132, em julho de 2015. Neste dia, um banco de madeira foi resgatado dos corredores e passou a morar no 132

 

 

A entrada

 

A entrada de uma pessoa nova em um quarto de alojamento desorganiza a rotina já estabelecida. Afinal, são pessoas com formações humanas, rotinas, hábitos e crenças diferentes. Pessoas que na maior parte das vezes sequer se conhecem. Quando se conhecem, o convívio intenso é capaz de apresentar novos sujeitos. A possibilidade de o conflito acontecer é sempre muito grande e a parte mais vulnerável é sempre quem está entrando no quarto, seja por medo, inocência ou apenas inexperiência.

Tayná Pádua, egressa da turma de 2012 do curso de Jornalismo da Rural, assim como eu, morou no alojamento. Ela conta um pouco desse processo inicial.

“Tive que me mudar para o aloja por questões financeiras e por ter vivido algumas experiências ruins dividindo casa no 49. Eu estava sob pressão na faculdade, nem tanto por conta dos estudos em si, mas por todas as outras coisas. Eu saí de Paraty com 17 anos e fiz 18 um mês depois. Fui parar no F2, justamente em um quarto com uma veterana muito da “sem noção”. Para tentar me ajustar, eu fui aceitando as manias autoritárias dela. Coisas com limpeza no geral. O convívio era difícil, eu me sentia como se morasse de favor na casa dessa pessoa. Era difícil me impor, porque a minha personalidade já é assim, de evitar atritos”.

No alojamento, a relação calouros-veterano tem potencial ainda maior de ser opressiva do que entre turmas do mesmo curso, já que o convívio é diário. O trote faz parte do cotidiano dos alojamentos e, mesmo quando não é sistemático, as histórias de moradores veteranos que impõem humilhações e violências simbólicas aos calouros são diversas e incontáveis. Os calouros serem os responsáveis exclusivos por toda a limpeza e organização do quarto é o mais comum, mas também passa por insultos verbais, calouros serem acordados abrupta e violentamente, terem suas roupas congeladas, etc. Os casos de estudantes que não suportam a situação e deixam a universidade também não são raros. Com o discurso da tradição ou mascarado na conversa de integração entre os moradores, o trote se perpetua violentando subjetividades, coagindo as potências individuais e reforçando a ideia de hierarquia.

Mesmo tendo chegado sem conhecer ninguém, me aproximei amigavelmente, de maior parte das moradoras. Porém, uma delas não me queria ali. O quarto não tinha a prática do trote, mas a moça que não me desejava, em conjunto com uma outra moradora, congelaram minha roupa de dormir, Depois também me obrigaram a, junto da Elzilene, também caloura no quarto e no curso de Educação Física, a raspar o chão do quarto, que era de taco e estava com a cera acumulada de anos, já descolando. Se o objetivo dela era me convencer a não permanecer no quarto, não funcionou. Além de permanecer, com o tempo descobri que ela e sua postura autoritária eram exceção. Algum tempo depois, ela se mudou do quarto.

 

O cotidiano

 

É possível morar mas não viver no alojamento, ou seja, é possível ter no alojamento um lugar para dormir, guardar seus pertences, tomar banho, se alimentar, mas sem impor muitos sentidos ao espaço. Isso acontece principalmente entre os que voltam para a casa da família aos fins de semana. Nunca foi meu caso. Aquele quarto no final do corredor no prédio do F1 sempre foi minha casa e, com o tempo, meu lar.

Depois do conflito inicial, o convívio no alojamento naturalmente se torna muito intenso e íntimo. Privacidade é conceito que não existe ali, a gente conhece a cor das roupas íntimas, os hábitos de higiene, os gostos, a rotina de sono e de estudos dos outros.

Dessa relação tão intensa de convivência, possivelmente são construídas relações de amizade. É claro que é possível que isso nunca aconteça, que o incômodo e o desgosto pelo outro se mantenham. Mas a sociabilidade me parece parte da condição humana, torna mais fácil a existência sob uma situação adversa que, no caso, é morar longe da família, conviver com as pressões acadêmicas, as dificuldades financeiras,  etc. No meu caso, a pessoa que mais me aproximei foi a Elzilene, a mesma que raspou o chão do quarto junto comigo; que, assim como eu, tinha um histórico de conflito familiar; que também tinha dificuldades financeiras. Elzilene foi a primeira amiga que fiz nesse convívio, mas não foi a única.

Morei com meninas da Educação Ffsica, da Veterinária, da Matemática, da Filosofia, meninas de 17 anos, uma senhora com mais 60, tímidas e extrovertidas, com hábitos noturnos ou extremamente matutinos, que tinham muitos amores e casos, de um único namorado, e de nenhum. Fui influenciada por elas e sei que também deixei alguma coisa.

Tayná conta um pouco da sua experiência. “Enquanto morava no alojamento eu tive contato com histórias de vida muito diferentes da minha e isso tudo me fez crescer bastante. Fiz amizade com uma pessoa que já esteve presa e que estava na Rural buscando um diploma de professor. Outra pessoa que carregava os traumas de um abuso de um familiar. Amigos duros, com uma situação financeira pior que a minha, que faziam “corres” e empreendiam para se manter. E por aí vai…”.

Acredito que o afeto constrói uma ponte que leva ao outro, e que ser afetado pelo outro transforma os sujeitos. No meu caso, com os afetos que construí no convívio cotidiano dos alojamentos, essa ponte me levou a um profundo aprendizado sobre os mais diversos temas. Aprendizados que vão de anatomia humana aos teóricos da educação, de como amarrar uma vaca às características da vegetação do Bico do Papagaio no Tocantins, da prática de atividades físicas cotidiana, a experimentos na cozinha, formas diferentes de cozinhar determinados alimentos e tantas outras coisas.

“Os conflitos iniciais eram apenas um lado da história. Porque também conheci outras meninas bem legais que estavam lá. Contando comigo eram seis meninas no quarto: três da Engenharia Ambiental, uma de Letras, uma de Serviço Social. E sempre havia uma menina da Educação Física que dormia lá pelo menos uma vez na semana. Minha chegada foi mudando aos poucos a dinâmica do quarto. Porque eu fui ficando amiga delas, exceto da que era a mandona. E posso te dizer que aprendi muito nesse convívio”, conta Tayná.

No entanto, o maior aprendizado, sem a menor dúvida, é sobre a natureza humana, sobre si mesmo e sobre o outro, sobre as subjetividades, individualidades, coletividades dos sujeitos, sobre a capacidade de adaptação e de negociação que o convívio social impõe. Tayná fala a respeito:

“Acho que, para mim, o que mais me marcou nesse tempo no alojamento foi a minha capacidade de me moldar às situações, quer dizer, acho que todos temos essa capacidade. O alojamento foi importante pra eu entender mais sobre mim e sobre o espaço que eu preciso. E que, para delimitá-lo, eu preciso ser capaz de dizer não, por exemplo. Também consegui trazer comigo algumas coisas das meninas, coisas bobas como comer melhor e começar a gostar de sopa e de rotina, hahaha!. E outras mais importantes, como ser mais tolerante, administrar melhor os conflitos e conseguir ter empatia com trajetórias diferentes. A transformação do meu modo de ver as coisas, que era bastante limitado, foi o mais importante disso tudo”.

 

O coletivo

 

Em cada quarto dos alojamentos são disponibilizadas cinco, seis ou oito vagas, dependendo da estrutura física do prédio. Tem também as cabeceiras, quartos bem menores com apenas um ou dois moradores. De um modo geral, os alojamentos são espaços coletivos, com muitas pessoas vivendo no mesmo ambiente. Porém, essas coletividades podem se construir apenas entre os próprios moradores do quarto, ou ser mais ampla, com um quarto que é ponto de encontro de outras pessoas, seja no espírito festivo ou no clima de estudos, para tomar café ou para fazer um trabalho em grupo, ou os dois juntos.

Para que um quarto se torne um espaço mais amplo, acredito, é preciso a disponibilidade da maior parte dos moradores, se não todos, de receber pessoas. E também é essencial uma relação de confiança bem estabelecida entre os moradores. O que não é algo simples. O quarto é um espaço extremamente íntimo e pessoal, que já é dividido com outras sete pessoas, então, receber alguém significa levar um desconhecido ao universo particular dessas outras sete pessoas. É preciso que os moradores estejam em acordo e, mais que isso, que reconheçam valor em conhecer pessoas diferentes. Um quarto do alojamento que seja frequentado, que promova festas e encontros não é raro, mas também não é tão comum assim.

Minha experiência neste sentido foi o quarto no alojamento masculino 132. Lá, apesar das diferenças e desentendimentos, os moradores tinham uma relação de confiança entre si e um ímpeto grande para conhecer novas pessoas. Quem me apresentou o quarto foi o Pablo, mas em pouco tempo João, Eduardo, Igor, Gregório e depois João Paulo se tornaram amigos íntimos. Também me aproximei de outras pessoas que não eram moradoras, mas que também frequentavam o quarto. O 132 era um local de encontros, de conversas com café ou de festinhas de última hora. Pablo conta um pouco sobre estes momentos:

“Tanto as festas quanto os cafés eram quase sempre espontâneos, principalmente os cafés. As festas tinham a espontaneidade de 24h, no máximo, nada muito planejado. Era coisa do momento, um dia que tem muita prova, um dia que o povo tá mais estressado. Tinha esse papel prático de desanuviar a cabeça, de lidar com a tensão da graduação, tensão do próprio alojamento, de ter que conviver junto. É bem complicado mesmo, apesar do lado bom. Eu acho que o bom do alojamento é que você consegue ter esses momentos em que todo mundo meio que deixa o individual e vai para o coletivo. Tanto nas festas, nos cafés, nas conversas, você conseguia trocar ideia com as pessoas do seu próprio quarto, que eram de cursos diferentes, mas também de outros quartos”, conta.

Os encontros eram muito pautados pela comida. Às vezes o 132 era o espaço para continuar a conversa que havia começado no encontro ocasional no Bandejão, às vezes era o espaço de uma festa junina cheia de convidados, comidas, bebidas e decoração. Também podia ser lugar de um simples café da tarde, que era o mais comum. Nas férias, era o lugar onde fazíamos refeições coletivas: um levava o arroz, outro levava o feijão, outro um legume, outro uma proteína, intercalando as funções. Após a refeição, sempre tinha um café e um dedo de prosa, que poderia ser sobre a condição política do país, o novo relacionamento do Fulano, o estágio que vai tão bem, a nova chapa do DCE ou qualquer outro assunto.

Além da multiplicidade de frequentadores, dentre os próprios moradores havia grande diversidade. “O 132 era um dos quartos mais diversos do andar. Tinha gente de vários estados, tinha LGBT, negros, nordestinos, tinha um monte de coisa. No andar, era meio que isoladão. Os outros quartos tinham sua própria sociabilidade. Uns mais, outros menos. Era percebido como o quarto de um povo metido a besta mesmo. Quase todo mundo era de humanidades e, mesmo moradores do 132 que eram das agrárias, tinham esse imaginário meio de humanas. Então todo mundo conversava sobre tudo. Isso era bem interessante também, porque a gente não falava com as mesmas pessoas de sempre”, conta Pablo.

“Uma coisa importante de morar no alojamento é dividir, sabe, a experiência de dividir as coisas. É impositivo, mas uma hora acostuma. Você descobre que não precisa de tanta coisa assim para sobreviver e, também, dentro da universidade, o papel do alojamento é de diversidade. De contatos, de trocar ideia com pessoas de cursos diferentes, enfrentar problemas únicos do espaço, viver as atividades coletivas de forma muito mais intensa do que fora da universidade. É uma segunda experiência dentro da experiência universitária.”, acrescenta.

Lembro-me com muita afeição das experiências que tive ali naquele quarto. Das conversas sempre tão despretensiosas e tão formadoras, do aconchego que era ir até lá nos dias em que a mente estava mais nublada, cheia de incertezas, e sair com a tranquilidade de quem sabe que as dificuldades são apenas adversidades da vida.

 

A bagagem

 

Além da proximidade física dos locais de aulas e do óbvio fator da economia financeira, quando se constrói uma rede de suporte, o alojamento se torna um lugar seguro. Na minha experiência, por mais que a falta de privacidade e o fato de conviver com tantas pessoas seja cansativo e desgastante, deixar o alojamento significou certo alívio, mas também saudade, a certeza de muitos aprendizados e amizades para uma vida toda.

Tayna conta da sua experiência: “Eu entrei na Rural perdida e saí bem perdida. Mas fui achando partes minhas nesse período. Na minha turma tinha gente que sonhava com a carreira, mas eu nunca tive essas certezas ou ambições. O tempo passou e eu acho que fui parar na Rural porque precisava das vivências. O alojamento tem o bom e tem o ruim, mas é muito importante! Principalmente para quem precisa desse suporte por não poder pagar uma kitnet ou alugar um quarto. Uma coisa que falta é um suporte emocional, muito necessário em qualquer lugar em que o universitário more, principalmente dividindo a moradia com várias pessoas. Enfim.. é temporário, passa rápido e é uma experiência incomparável”.

Pablo fala sobre seus aprendizados: “Eu acho que eu não seria quem eu sou hoje sem essa experiência, acho que foi fundamental para visão de mundo, experiência de vida, emancipação enquanto homem, meu lugar enquanto universitário. Porque viver o alojamento não é só o quarto, é entender que a universidade é a sua casa. E aí você tem uma noção de universidade muito mais completa porque você está lá todo dia, vivenciando tudo de forma integrada, e aí você entende como funcionam as coisas. Não todo mundo, mas a minha experiência foi nesse sentido, de entender desde como funcionam as relações da reitoria, as relações políticas da universidade, até as relações sociais dentro do próprio campus, entre os andares do alojamento, entre os grupos diferentes. Esse microcosmos universitário de quem é morador é bem rico. Eu fiquei uns cinco, seis anos nessa vida. Então foi bem intenso. E é isso, foi muito bom enquanto durou.”

Na minha experiência, viver no alojamento foi o maior aprendizado que tive durante a graduação. Aprendi muito com as aulas que tive, com os movimentos políticos dos quais participei, com as pessoas que encontrei pelo caminho, com os grupos de estudos, com as palestras de outros cursos, com espaços que ocupei e com os estágios que fiz. Mas os aprendizados mais singulares vieram do convívio no alojamento. Dialético e contraditório, o convívio com a diferença foi doloroso e muito transformador. Entrei uma pessoa e saí outra. Mudei não por desejo ou vontade, mas por força e necessidade. O alojamento obriga a convivência com a diferença e, por isso, acredito, honestamente, que seja praticamente impossível viver essa experiência sem se transformar, para o bem ou para o mal.

 

*Ex-aluna do curso e assessora do sindicato da UFRRJ.

 

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Postado em 03/11/2020 - 22:29 - Atualizado em 16/11/2020 - 14:05