História

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA [PPGGEO-UFRRJ] – MESTRADO 

CONTEXTO HISTÓRICO-GEOGRÁFICO E DESAFIOS INSTITUCIONAIS

Instituição centenária que começou como referência nacional nas áreas de Agronomia e Veterinária, atualmente a UFRRJ caracteriza-se pela diversidade: tornou-se multicampi e multidisciplinar, estendendo suas atividades de ensino, pesquisa e extensão a todas as áreas do conhecimento. Atualmente, a Geografia da UFRRJ tem forte presença na Baixada Fluminense, na Zona Oeste do município do Rio de Janeiro, no Médio Vale Paraíba Fluminense e na Costa Verde e, por meio de suas ações de pesquisa, ensino e extensão, vem assumindo papel de relevo na compreensão de questões sócio-ambientais, inclusão social e desenvolvimento regional.

Assim, a UFRRJ é a principal Instituição de Ensino Superior Público Federal a impactar diretamente cerca de 7 milhões de pessoas que vivem nas regiões acima descritas. A recente expansão da graduação e da pós-graduação foi planejada e vem sendo operacionalizada visando estender as oportunidades de ensino, pesquisa, extensão a esses cidadãos ― que, não raro, enfrentam enormes dificuldades para obterem serviços públicos de qualidade. Em termos institucionais e regionais, a UFRRJ tem se consolidado a partir de uma preocupação fundamental: contribuir para a interiorização e a descentralização do ensino superior público, considerando a graduação e a pós-graduação de forma articulada e favorecendo a aproximação da universidade com a comunidade que a rodeia.

O presente Mestrado em Geografia se propõe atuar em nome do alargamento da esfera pública e dos direitos públicos legitimadores de uma sociedade democrática. O programa em tela é uma iniciativa que envolve os cursos de geografia dos campi de Seropédica (licenciatura e bacharelado) e Nova Iguaçu (licenciatura). Após o início dos mesmos nos anos 2009 e 2010 (respectivamente), o corpo docente dos referidos cursos decidiu somar esforços, aproximar grupos e temas de investigação e eleger eixos comuns de pesquisa em nome da construção de um programa de pós-graduação (mestrado) em geografia. A instauração de um mestrado em geografia na UFRRJ objetiva o aumento da expertise dos docentes, o enriquecimento das trocas entre seus grupos de pesquisa, o trabalho em conjunto envolvendo os campi de Seropédica e de Nova Iguaçu e a possibilidade de aprofundamento dos estudos dos alunos da graduação e de demais interessados na obtenção dos conhecimentos adquiridos em um curso de mestrado.

O curso de Mestrado é inaugurado em 2015, tendo a primeira defesa no ano de 2017. O programa aprofundou sua proposta de formação e ampliou o numero de alunos. No ano de 2022 o programa recebeu a nota 4, na avaliação quadrienal 2017-2021. Isso permitiu que o curso lograsse a possibilidade de submeter a proposta de criação do curso de Doutorado em Geografia, sendo aprovado pelo CTC-CAPES em 2023, iniciando sua primeira Turma do doutorado no ano de 2024.

Os OBJETIVOS do programa são, principalmente, os seguintes: formação de quadros acadêmicos em nível de MESTRADO E DOUTORADO para atuar tanto na docência no ensino superior e tecnológico quanto na pesquisa em instituições públicas e privadas, bem como organizações e entidades de interesse público em geral; produzir e disseminar conhecimentos inovadores na área de Geografia; promover a integração entre a graduação e a pós-graduação na UFRRJ e demais instituições onde atuam os docentes do programa, bem como na integração entre as atividades do PPGGEO e a sociedade em geral; investir no processo de nacionalização e internacionalização de suas atividades.

Coloca-se, também, como OBJETIVO das investigações produzidas no interior do PPGGEO, a análise e compreensão das dinâmicas socioespaciais, com rebatimentos na perspectiva socioambiental e socioterritorial, tendo forte enraizamento com as questões atinentes ao desenvolvimento da Baixada Fluminense, Oeste Metropolitano do Rio de Janeiro e demais regiões do estado. Além disso, visamos construir possibilidades de atuação prática via formulação de políticas públicas, trabalhos de assessoria técnica e demais formas de ação e interação com a sociedade. Trata-se, assim, de uma perspectiva teórico-conceitual e temática que, partindo das complexas problemáticas locais, nos territórios onde estão inseridos os dois campi que compõem o programa, vislumbra uma universalidade da construção do conhecimento geográfico, em todas as suas esferas. Trabalhando na perspectiva do espaço, planejamento e política, bem como nas análises sobre território, ambiente e ensino e processos formativos em Geografia na Educação Básica, ensejamos a construção de um ambiente inter, trans e multidisciplinar, plenamente aberto à inovação.

O Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro pretende ser, antes de mais nada, uma defesa do papel das universidades públicas na formação de uma massa crítica e um reconhecimento dos efeitos fundamentais deste processo na preservação da coisa pública em um país como o Brasil, cuja destruição implementada pelo neoliberalismo tem como decorrência mais nefasta a ameaça à própria democracia. Concebido no transcorrer da pandemia e à sombra de um governo autoritário para quem a necropolítica tornou-se modus operandi, nossos cursos de mestrado e doutorado apresentam-se como resistência por parte de um corpo docente (e, claro, também do corpo discente, tanto o atual quanto o que passou pelo programa e o enriqueceu com seus saberes) que se nega a naturalizar as contradições e os antagonismos de classe instituintes da sociedade brasileira.

Nesse contexto, encontramos na categoria geografias periféricas a referência político-epistemológica capaz de estruturar e de fazer dialogar com as duas linhas de pesquisa apresentadas. Da origem social de professores e alunos passando pela inscrição espacial dos dois campi do PPGGEO nos municípios de Seropédica e Nova Iguaçu, periferia é um conceito-chave em nosso projeto de evidenciar a radicalidade — em seu duplo sentido de raiz e de intensidade — quotidiana dos moradores da Baixada Fluminense. Tal como a escritora Carolina Maria de Jesus definiu a favela como o quarto de despejo da cidade de São Paulo, guardadas as devidas proporções a Baixada ocupa lugar semelhante no imaginário — histérico — de muitos habitantes da metrópole do Rio de Janeiro. Sobretudo para a população negra e feminina, as consequências deste estigma são bastante conhecidas e acabam por corroborar tanto a ausência de políticas públicas quanto o emprego da violência norteando as ações do estado.

Assim, um dos maiores desafios do PPGGEO é o de contribuir para reverter tal imagem. Para tanto, respeitar a periferia (no sentido amplo do termo, indo além da Baixada Fluminense) enquanto lugar de fala significa reconhecê-la não como objeto representado e narrado por imagens-clichês para consumo fetichista, mas como espaço de produção de conhecimento graças exatamente à pluralidade de experiências, vozes e memórias que a constituem. Neste movimento, a escassez e o sacrifício, as lutas e as resiliências fazem da periferia, intermediada pela geografia, potência de pensamento.

Tal potência encontra na educação a semente privilegiada capaz de gestar o novo e, portanto, o futuro, ao mesmo tempo em que abre todos os acessos do passado à constante interrogação. Com o entusiasmo e a inquietação típicos de sua juventude, o PPGGEO solicita permissão para a abertura do doutorado e vem a público colocar sua expertise à disposição da sociedade para, aprendendo e ensinando coletivamente rumo à autonomia — conforme nos legou o patrono da educação brasileira Paulo Freire —, edificar geografias periféricas em todos os lugares onde a opressão física e simbólica insista em se manifestar.

O PPGGEO representa o testemunho de um espaço-tempo: o da (re) produção periférica da metrópole do Rio de Janeiro em suas múltiplas escalas e desdobramentos. Em termos mais amplos, estamos simplesmente diante da tarefa de reconstruir a nação após todas as perdas ocasionadas pela Covid-19 e intensificadas pelo Bolsonarismo. Nesta conjuntura, as periferias rurais, urbanas e metropolitanas são muito reveladoras dos limites de nossa sociabilidade contemporânea, pautada pela crise do paradigma neoliberal e suas derivações socioambientais, sociopolíticas e socioespaciais. Por estas razões, da periferia, tornada centralidade a partir de nossas vivências, arquitetamos um saber em potência, costurando o possível — e o utópico — rumo a uma vida em busca de emancipação.

 

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